terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lesões Musculares Parte I

Das lesões mais freqüentes no esporte, as musculares certamente são as mais comuns. Segundo alguns estudos estima-se que as lesões musculares abranjam 10-30% das lesões esportivas. Além disso, elas são a principal causa de afastamento de futebolistas dos gramados por volta de 30% dos casos.

As distensões geralmente ocorrem em esportes que exigem esforço muscular explosivo, como também em esportes que exigem paradas bruscas (desaceleração) ou uma perigosa combinação de aceleração/desaceleração, como no basquete, na corrida de velocidade, em vários tipos de saltos do atletismo, no futebol americano e futebol.

As lesões causadas por um trauma direto no corpo muscular são conhecidas como contusões, normalmente o músculo é pressionado contra o osso subjacente, um bom exemplo, é o famoso “tostão” no futebol , quando o joelho de um atleta choca-se contra o quadríceps do adversário, resultando em laceração muscular e sangramento. As contusões costumam estar presentes nos esportes de contato e a musculatura do quadríceps é mais afetada principalmente pela sua localização e pelo seu tamanho.

As lesões indiretas são conhecidas como estiramento ou distensão. E são resultantes de uma força intensa aplicada na unidade musculotendinosa. Quando a força é maior do que a resistência ou excede a flexibilidade da unidade musculotendinosa, o músculo, a junção músculo tendão ou o tendão vão se romper. Em alguns casos, a ruptura ocorre na inserção óssea da unidade musculotendinosa resultando em fratura por avulsão.

As contusões representam a lesão primaria do músculo quadríceps e as distensões musculares são a lesão mais comum dos isquiotibiais e adutores. Normalmente resultam de desequilíbrio muscular, flexibilidade precária, estiramento excessivo, contração muscular violenta contra uma grande resistência, coordenação motora ineficaz e discrepâncias no comprimento dos MMII.

As distensões podem ser classificadas de acordo com o grau de ruptura em leves (primeiro grau), moderada (segundo grau) e severa (terceiro grau). Na distensão de primeiro grau, não ocorre ruptura total na unidade musculotendinosa. Pode haver um pequeno edema localizado e dor, não há perda significativa de força nem restrição de movimentos. Os movimentos ativos ou alongamentos passivos podem causar dor no sítio da lesão. A recuperação pode acontecer em apenas uma semana.

A distensão de segundo grau envolve uma ruptura muscular mais significativa, mas não completa. Porém resulta na perda da força muscular e limitação na movimentação ativa das articulações adjacentes. Devido a hemorragia, manchas roxas (equimose) aparecerá na região da lesão ou em localização mais inferior devido a ação da força de gravidade. A recuperação é mais lenta e pode afastar o atleta da pratica esportiva por mais ou menos três semanas.



A distensão de terceiro grau envolve a ruptura completa de um ou mais componentes da unidade musculotendinosa e a movimentação nas articulações adjacentes é gravemente restrita. Frequentemente o sítio dessa ruptura é claramente visível. Um bom exemplo ocorre nas lesões distais do bíceps braquial, onde o local da ruptura fica claramente evidenciado. O tempo necessário para cicatrização de uma ruptura muscular completa pode chegar até 16 semanas, dependendo da localização e extensão da lesão, como também da forma de tratamento, cirúrgico ou conservador.



Conforme mencionado anteriormente, quando ocorre uma lesão na unidade musculotendinosa os vasos sanguíneos também se rompem , conseqüentemente as metas iniciais do tratamento são a contenção do sangramento como também evitar a propagação da lesão. O tratamento é feito com aplicação de faixas compressivas elevação e imobilização da extremidade lesada, crioterapia (gelo) e antiinflamatórios prescritos pelo médico.

Após as primeiras 48 horas, o alongamento passivo leve do músculo lesado deve ter inicio evoluindo para um programa mais intenso, conforme a tolerância do paciente. Lembrando que esses exercícios devem provocar dor mínima quando realizados. Os alongamentos balísticos devem ser evitados em virtude desse tipo de alongamento poder causar novas lesões.

Os exercícios musculares devem ser iniciados entre o segundo e o quinto dia, dependendo da natureza da lesão, obedecendo a seguinte ordem: exercícios estáticos sem carga, exercícios estáticos com carga leve, exercícios dinâmicos com cargas progressivas, treinamento funcional e proprioceptivo.

A lesão muscular é considerada totalmente tratada quando não há mais dor ou sensibilidade a contração completa do músculo. Uma vez restabelecida a função muscular, a flexibilidade das articulações adjacentes e o padrão normal de movimentos o atleta estará apto a retornar as suas atividades esportivas.

Bibliografias recomendadas:

1. Lesões do Esporte: prevenção e tratamento. Lars Peterson e Per Renstrom. 3a edição. Editora Manole.
2. Técnicas de Reabilitação em Medicina Esportiva. Wiliam E. Prentice. 3a edição. Editora Manole.
3. Reabilitação Física das Lesões Desportivas. James R. Andrews; Gary L. Harrelson; Keven E. Wilk. Segunda edição. Editora Guanabara Koogan
4. Fisioterapia na Ortopedia e na Medicina do Esporte. James A. Gould. Segunda edição. Editora Manole

Fonte: Marco Antônio Chagas

domingo, 27 de dezembro de 2009

Exercícios de musculação melhoram andar de mulheres idosas

A prática da musculação faz com que o andar de mulheres idosas fique mais parecido com o das jovens. Os resultados de um estudo que foi recentemente publicado na revista britânica Clinical Biomechanics pode, provavelmente, valer também para homens. A pesquisa envolveu 14 mulheres com idade média de 61 anos. Elas melhoraram aspectos do andar relacionados ao risco de quedas, como a distância do dedão do pé ao chão.

O professor Carlos Ugrinowitsch, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, foi um dos orientadores do estudo de mestrado da fisioterapeuta Leslie Persche, realizado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e fez a maior parte das análises estatísticas. Leslie também foi orientada por André Rodacki, da UFPR e também recebeu a colaboração Gleber Pereira, da Universidade Positivo.

A pesquisa originou o projeto Efeitos de diferentes programas de atividade física em parâmetros relacionados ao risco de queda em idosos. A iniciativa une pesquisadores da USP, UFPR e Universidade Cruzeiro do Sul, e faz parte do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD), que tem o objetivo de formar recursos humanos altamente qualificados.

Queda na velhice
Na velhice, o risco de quedas aumenta porque a pessoa passa a ter dificuldades de integrar as informações dos órgãos dos sentidos e perde muito da massa muscular. A perda, mais acentuadas nos músculos que controlam a postura, começa aos 30 anos, mas passa a ter efeitos sérios depois dos 60. Os músculos são formados por fibras tipo 1 e 2. Com o envelhecimentro, o corpo perde as fibras tipo 2, que se contraem mais rapidamente, geram mais força e resistem menos à fadiga. Sobram as fibras tipo 1, com características opostas. A gordura ocupa o lugar dos músculos.

As 14 mulheres avaliadas na pesquisa fizeram musculação três vezes por semana, durante quatro meses, com aumento gradual dos pesos. Antes e depois do período de treinos, os pesquisadores filmaram as mulheres andando e usaram um programa de computador para descrever as alterações nos seus movimentos.

O treinamento de força nas mulheres reverteu as mudanças da marcha relacionadas à idade. Elas conseguiram andar mais rápido e dar passos mais largos. As idosas também conseguiram dar passos elevando mais os pés do chão, o que diminuiu os tropeços. As passadas tinham uma frequência média semelhante a de mulheres jovens. “A musculação provavelmente aumentou a força e a velocidade das fibras tipo 1 restantes”, explica Ugrinowitsch.

Passo senil
O fortalecimento causou uma melhora no andar, mesmo que os participantes não tenham aprendido técnicas para isso. Segundo Ugrinowitsch, o resultado contraria a ideia de alguns especialistas da área. Eles acreditavam que os idosos começavam a andar em um padrão senil de forma consciente, depois que se sentiam mais fracos.

No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez no ano, segundo dados de 2001, divulgados pelo Conselho Federal de Medicina. As quedas estão entre as causas de 12% de todas as mortes de idosos. Naqueles que são hospitalizados em decorrência de uma queda, o risco de morte depois da hospitalização varia de 15% a 50%.

Além de melhorar o caminhar de idosos a musculação traz benefícios gerais para o corpo. Para começar a praticá-la, é necessário que o idoso faça um exame médico que avalie a situação do coração e vasos sanguíneos. É imprescindível procurar orientação de um profissional de educação física.

Fonte: USP

domingo, 20 de dezembro de 2009

O que é um Personal Trainer?

Para atuar como Personal Trainer é preciso ser um profissional de nível superior, graduado em Educação Física, que possui o conhecimento científico ligado ao desempenho e à performance humana. No aspecto legal de atuação, o profissional deve ter o registro junto ao Conselho Regional de Educação Física.

DEFINIÇÃO

Personal Trainer é uma palavra de origem inglesa, onde a palavra Personal significa individual, particular e a palavra Trainer significa treinador, então, o termo mais próximo em português seria Treinador Particular ou Treinador Individual.

O termo Personal Training, onde training significa treinamento, aprendizado, portanto temos Treinamento Particular ou Treinamento Individual.

Existem outros termos, que são utilizados para definir este profissional como: Vip Trainer, Professor Particular, Preparador Físico, Treinador Particular, Treinador Pessoal, Consultor Físico, Consultor de Fitness, entre outros.

Personal Trainer: O profissional
Personal Training: O trabalho realizado

O QUE FAZ

Prescreve e acompanha a execução de exercícios físicos, elabora programas de atividades físicas, direcionadas às condições físicas do cliente e às suas expectativas de uma forma individualizada e objetiva.

ONDE ATUA

Academias, onde o cliente se matricula, paga a mensalidade, mas tem a orientação e supervisão do Personal. Locais públicos (parques, clubes, ruas de lazer, praças e praias), Estúdios, centros ou clínicas de treinamento personalizado concebida como uma pequena academia de atendimento diferenciado, hotéis, flat's, condomínios, centros de estética, clínicas, "SPAs", centros de saúde e hospitais.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Treinamento físico individualizado na pré-temporada para a melhora da performance

Como deverá ser conduzido o trabalho para que os jogadores tenham condições de iniciar o primeiro jogo da temporada preparados fisicamente de acordo com suas respectivas posições?

Resumo

Os atletas profissionais de futebol de campo entram em férias e não mantêm o ritmo de treinamento de uma temporada. Na reapresentação do clube, ocorre a pré-temporada com o intuito do aprimoramento físico. Com isso, pretende-se investigar como deve ser realizado o treinamento físico na pré-temporada de cada jogador por sua respectiva posição a ponto que ele esteja preparado fisicamente a estar iniciando o primeiro jogo da equipe após este período.

Para a busca da resposta do problema proposto, fontes de cunho bibliográfico foram pesquisadas procurando informações e conhecimentos prévios e, com o entendimento final deste trabalho, pode-se considerar que a pré-temporada é um período curto em que os atletas devem aprimorar não só a parte física, mas como também a parte técnica, tática e psicológica.

Palavra-chave: treinamento, físico, pré-temporada.


Introdução

Os atletas profissionais de futebol de campo entram em férias e não mantêm o ritmo de treinamento de uma temporada. Na reapresentação do clube, ocorre a pré-temporada com o intuito do aprimoramento físico especifico de cada jogador por posição, período que antecede o primeiro jogo oficial autorizado pela federação a que o clube está vinculado.

Um fato que ocorre no Brasil é a falta de tempo para as equipes se prepararem para o início das competições, quando o tempo necessário seria de no mínimo um mês, o que acontece é uma pré-temporada de no máximo quinze dias nos grandes clubes brasileiros.

A pré-temporada abordada por Brunoro (1997, p.100) é o período de preparação de uma equipe depois das férias que antecede o início dos campeonatos do ano, ocasião de fundamental importância para que os jogadores recebam preparação física adequada para estar apto aos jogos durante toda a temporada.

As evoluções físicas dos atletas de futebol vêm melhorando a cada ano e nota-se que na reapresentação após as férias, os jogadores encontram-se em um estado físico muito abaixo do ideal devido ao tempo de inatividade.

É importante ressaltar que as equipes estão equivalentes técnica e taticamente e o que pode alterar um resultado em uma partida é a preparação física dos atletas. Barros (2004, p. 22) relata que apesar de o futebol se tratar de uma modalidade em que a tática, técnica e habilidade individual são fundamentais, tem-se notado, nas últimas décadas, uma preocupação especial com aprimoramento físico do atleta devido à intensidade das partidas.

O educador físico tem um tempo para a primeira partida oficial de aproximadamente quinze dias e tem que trabalhar a questão física para que os atletas tenham o desempenho de atuar bem fisicamente toda a partida sem o perigo de um risco de lesão devido ao condicionamento deste.

Para alcançar estes objetivos, Frisselli (1999, p. 177) entende que o preparador físico deve lançar mão de uma série de meios de treinamento destinados a desenvolver e aperfeiçoar a forma e as diferentes funções do organismo do atleta de futebol. A preparação física de cada jogador é determinada por cada posição, pois há um condicionamento físico diferenciado entre eles devido ao tipo de movimentação que ocorre durante o jogo, já que a mobilidade varia de acordo com cada posição.

Com isso, o educador físico tem o propósito de aplicar um treinamento para que os jogadores tenham condições de iniciar o primeiro jogo da temporada preparado fisicamente.

Assim, uma das formas de haver melhoria na capacidade da performance seria o trabalho individualizado com sessões de treinamentos aeróbios e anaeróbios e aplicar no mínimo um amistoso para ir entrando aos poucos em um ritmo de jogo já que o período chamado “ideal” de uma pré-temporada não ocorre no futebol brasileiro.

A principal razão para uma pré-temporada, no entendimento de Brunoro (1997, p. 100), Barros (2004, p. 22) e Frisselli (1999, p. 177) é aprimorar a performance física respeitando os limites de cada jogador, mas sabendo usar o máximo do seu alcance para que ocorra uma melhoria a tempo de influenciar na primeira partida, pois se entende que ainda o desempenho físico não estará no ideal devido ao tempo de preparação. Com isto, pretende-se investigar como deve ser realizado o treinamento físico na pré-temporada de cada jogador por sua respectiva posição a ponto que ele esteja preparado fisicamente a estar iniciando o primeiro jogo da equipe na temporada. Sendo assim, formula-se a seguinte questão: como deverá ser feita uma pré-temporada para que os jogadores tenham condições de iniciar o primeiro jogo da temporada preparados fisicamente de acordo com suas respectivas posições?

Esta pesquisa irá proporcionar um estudo com o intuito de procurar entender como devem ser aplicados de maneira adequada os treinamentos de uma pré-temporada para que os jogadores encontrem-se aptos ao esforço de que necessitam para toda uma temporada de competições a que seu clube está vinculado.

Na atualidade, a ênfase nos treinamentos de futebol é a preparação física, devido à intensidade em que os jogos estão sendo realizados pelas equipes, e este trabalho tem por objetivo proporcionar uma visão do que pode ser feito em uma pré-temporada para que os jogadores possam mostrar suas habilidades e técnicas durante as partidas, sem que o condicionamento físico os atrapalhe.

Considerando a importância de adquirir conhecimentos sobre determinado assunto tem-se o objetivo geral de analisar como deverá ser feita uma pré-temporada para que os jogadores tenham condições de iniciar o primeiro jogo da temporada preparado fisicamente de acordo com suas respectivas posições.

Com esta visão e como relata Weinneck (2000, p. 15), as características do condicionamento físico do jogador de futebol limitam-se principalmente aos fatores físicos da performance: resistência aeróbia e anaeróbia, força, velocidade e flexibilidade, fato que nos mostra o perfil de exigência dos atletas nos treinamentos.

Pretende-se com isto formular uma pesquisa de cunho bibliográfico para saber como deverá ser realizado o treinamento na pré-temporada, quais os métodos adequados para aprimorar o condicionamento físico e como os atletas estarão para a primeira partida oficial da temporada.

Nesta perspectiva, Cervo e Bervian (2002, p. 66) propõem uma pesquisa onde serão analisadas fontes bibliográficas procurando informações e conhecimentos prévios para a busca da resposta do problema proposto para assim saber como os atletas conseguem chegar à intensidade física que estão chegando nas partidas atuais e como saber quais estão em melhores condições para iniciar a primeira partida após os treinamentos da pré-temporada.


Treinamento Aeróbio e Anaeróbio

Para poder realizar grandes volumes de trabalho físico, Golomazov e Shirva (1997, p. 33) afirmam que todo futebolista deve ter coração resistente e bons pulmões que lhe asseguram a alimentação dos músculos com oxigênio. Para isso, afirma-se que:


A energia utilizada pelo jogador durante a partida é derivada da quebra de um componente químico chamado adenosina fosfato (ATP) e convertida em energia mecânica, de tal forma que o jogador pode realizar atividades táticas, técnicas e físicas. O ATP é produzido por uma reação química sob condições anaeróbias e aeróbias. Anaeróbia, ou energia não-oxidativa, significa que a reação é realizada sem a presença de oxigênio, enquanto aeróbia, ou energia oxidativa, refere-se a uma condição na qual o ar inalado tem tempo de ser transportado para o músculo em atividade para participar do processo de queima de alimentos e, como resultado, produção de energia (BOMPA, 2005, p. 88).

Com isso serão analisados a seguir como devem ser realizados os treinamentos aeróbio e anaeróbio do atleta de futebol na pré-temporada para que ele se encontre apto para estar em condições de atuar na primeira partida da temporada fisicamente adequado.


Resistência aeróbia para o jogador profissional de futebol

No futebol, a resistência aeróbia para Fernandes (1994, p. 49) é a capacidade de manter um esforço de longa duração com intensidade fraca, realizado sempre na presença de oxigênio, havendo um equilíbrio entre a quantidade consumida e a recebida, fenômeno chamado de “steady-state”.

Nos esportes e jogos coletivos, Platonov (2003, p. 15) sugere que:

Os exercícios de pouca potência aeróbia – exercícios acíclicos que se caracterizam por um câmbio constante e pela instabilidade da atividade motora – são aqueles em que o aporte energético para os músculos atuantes é praticamente exclusivo dos processos oxidativos, consumindo principalmente os lipídios e, em menor grau, os carboidratos (coeficiente respiratório inferior a 0,8).

Para Bompa (2005, p.149) o fator limitante da performance do futebol é a potência de aceleração/desaceleração com mudanças rápidas de direção, sendo que 72% em uma partida o jogador sofre da resistência aeróbia.

Assim, entende-se que a resistência aeróbia para o jogador de futebol pode ser de fundamental importância, pois uma partida dura aproximadamente noventa minutos e o trabalho aeróbio serve para o jogador aguentar esta carga de trabalho.

Deve-se, então, realizar um treinamento em que o jogador desenvolva este tipo de resistência para a melhora da sua aceleração, desaceleração e mudanças de direção, já que isto é necessário nas partidas de futebol.


Resistência anaeróbia para o jogador profissional de futebol

As ações e cargas específicas no futebol para a resistência anaeróbia são cargas curtas e consecutivas em lutas entre dois e muitos sprints sendo caracterizado de caráter muscular. Este vem a ser um tipo de esforço realizado em débito de oxigênio que exige uma grande capacidade de recuperação do atleta devido às altas dívidas de oxigênio que são produzidas e, especificamente no caso do futebol, deve-se trabalhar utilizando-se o treinamento dos intervalos, que é um método determinado pela repetição sistemática de distâncias que variam de cem a quatrocentos metros em intensidade submáxima produzindo uma alta dívida de oxigênio no organismo (FERNANDES, 1994, p. 52).

A importância do desenvolvimento da força máxima – força dinâmica explosiva – é decisiva no futebol, pois um gol sai somente por predominância anaeróbia como um chute a gol, cabeceio ou um contra-ataque em velocidade e, para desenvolver um trabalho específico nesse sentido, os músculos têm que trabalhar com uma intensidade próxima da máxima, sem relaxamento – quarenta segundos, ou seja, o tempo suficiente para que apareçam os produtos da anaerobiose (GOLOMAZOV; SHIRVA, 1997, p. 24).

Para Bompa (2003, p. 149), 28% de uma partida de futebol o jogador gasta por resistência anaeróbia sendo que metade deste por metabolismo lático e a outra metade por metabolismo alático.

A capacidade anaeróbia corporal é afetada pelos processos do SNC (sistema nervoso central), que facilitam o trabalho intensivo contínuo ou sob condições de exaustão, o treinamento específico é o melhor método para melhorar a capacidade anaeróbia, entretanto, o treinamento anaeróbio é sempre mais efetivo, com um tempo mais longo de restabelecimento da reserva de energia, se você alterná-lo com o treinamento aeróbio (BOMPA, 2005, p.261).

Para o aumento da capacidade anaeróbia alática deve-se trabalhar com cargas de curta duração de cinco a dez segundos e de intensidade máxima com intervalos de dois a três minutos e para melhorar a potência do processo anaeróbio lático deve-se trabalhar entre trinta e noventa segundos e para aumentar a sua capacidade entre dois e sete minutos (PLATONOV; BULATOVA, 2003, p. 304).

Com isto, sabe-se que em uma partida de futebol o metabolismo anaeróbio é de menor predominância, porém de fundamental importância, pois é o que altera o resultado em uma partida e, para trabalhar os atletas nesta resistência, deve-se elevá-los ao máximo para que melhorem as suas potências e capacidades anaeróbias. Assim, os métodos que devem prevalecer são os de treinamentos mistos trabalhando a resistência aeróbia e anaeróbia (lática e alática) juntos, para que os atletas possam viver uma situação real de jogo.


Treinamento de Força Muscular

O papel da força no rendimento esportivo é um fator importante, sendo inclusive, em alguns casos, determinante. Esta desempenha um papel decisivo na boa execução da técnica – os grupos musculares intervêm em uma fase concreta do movimento. A velocidade de execução está estreitamente relacionada com a força, pois quanto maior a resistência, maior a relação entre ambas, ou seja, uma maior aplicação de força pode levar a uma melhora de potência, e também, está relacionada com a melhora do rendimento, sempre que o treinamento realizado se ajuste às necessidades de cada especialidade esportiva (BADILLO; AYESTARÁN, 2001, p. 17).

No futebol, os atletas correm velozmente, mudam de direção e voltam a correr velozmente e, para Faigenbaum e Westcott (2001, p. 200):

... os músculos em grande parte responsáveis por essas acelerações e desacelerações rápidas são os quadríceps, isquiotibiais, glúteos e panturrilha, sendo que os exercícios básicos para fortalecer são os: agachamento com barra, o leg press no aparelho e a flexão plantar e os exercícios de potência, que são importantes para melhorar a velocidade e a rapidez nas extremidades inferiores, são: o agachamento com arremesso e o avanço com arremesso com medicine balls.

O jogador de futebol necessita da qualidade física força em três aspectos, sendo eles: para a elevação da performance específica do futebol, como a força de salto, de chute, de lançamento (nos laterais) e capacidade de aceleração; como profilaxia de lesões, uma musculatura bem desenvolvida forma a mais eficiente proteção para o aparelho motor; e no treinamento de força como profilaxia para a musculatura responsável pela manutenção da postura, com isso, consegue-se prevenir a tão típica dor lombar no jogador de futebol (WEINNECK, 2000, p. 190).

Como treinamento neuromuscular, Frisselli e Mantovani (1999, p. 193) entendem que a força, em sua forma pura, não se manifesta no futebol, a força e a velocidade são dois aspectos do mesmo componente e estão intimamente ligados nas ações motoras físicas, técnicas e táticas.

Sendo assim, pode-se entender que o treinamento de força no futebol é indispensável para os jogadores, pois além de haver uma melhora de rendimento na resistência aeróbia e anaeróbia, ela também previne lesões. Apesar de o futebol ser um esporte que explora os membros inferiores, é importante também fortalecer os membros superiores devido a este ser um esporte de muito contato e para cobrar laterais de grandes distâncias, já os goleiros, ao contrário dos demais jogadores, necessitam muito da utilização dos braços como fazer uma defesa ou um lançamento com as mãos.


Capacidade física de cada jogador por posição

As qualidades físicas de cada jogador variam de acordo com sua respectiva posição e, começando pela defesa, o goleiro deve ter uma boa estatura, força explosiva, flexibilidade, agilidade e equilíbrio; já os laterais devem possuir boa compleição física e peso proporcional, força explosiva, resistência, recuperação e coordenação; os zagueiros necessitam de bom porte físico, estatura elevada, força, impulsão, equilíbrio, reação rápida e agilidade; o meio-campista resistência, coordenação, recuperação e velocidade de deslocamento; os ponteiros velocidade, agilidade, equilíbrio e força explosiva; por último os atacantes que devem ter como características a estatura elevada, agilidade, força e impulsão (MELO, 1997, p. 14).

No mesmo caminho das características físicas citamos o goleiro com uma estatura em torno de um metro e noventa aproximadamente, salvo algumas exceções, elasticidade, equilíbrio, coordenação, velocidade de reação, impulsão e agilidade; os laterais com estatura de aproximadamente um metro e setenta, resistência, velocidade, coordenação e agilidade; os zagueiros com estatura em torno de um metro e oitenta e cinco, porém podendo compensar a falta de estatura com uma excelente colocação, impulsão e antecipação; os meias com boa resistência aeróbia, força, coordenação, agilidade e velocidade de reação; os pontas com velocidade, coordenação, agilidade, equilíbrio e velocidade de reação; finalizando os centroavantes que devem ter como características destacadas a força, resistência, impulsão, agilidade, coordenação e velocidade de reação (FILHO, 2002, p. 86).

Desta forma, aceita-se que a maioria das características físicas de cada posição assemelha-se umas às outras, por isso que atualmente um atleta consegue jogar de lateral ou ponta com um rendimento constante e, citando as características de cada posição, consegue-se aperfeiçoar o treinamento físico baseando-se nas capacidades do atleta.


Considerações Finais

Com entendimento final desse trabalho, pode-se considerar que a pré-temporada é um período curto em que os atletas devem aprimorar não só a parte física, mas como também a parte técnica, tática e psicológica.

Na parte física, o treinamento deve ser de resistência aeróbia, anaeróbia e mista (aeróbia e anaeróbia), procurando proporcionar da maneira mais real e dinâmica possível de uma partida de futebol; também se devem executar treinamentos de força muscular devido às exigências que o futebol pode proporcionar, como força explosiva e contato físico, contando que o treinamento muscular previne lesões e fadigas.

A capacidade física de cada jogador pode variar de acordo com suas características, mas, em geral, o que pode prevalecer são treinamentos em que forcem os atletas a explorarem-nas para que em uma partida ele possa ter uma performance de acordo com sua potência máxima adquirida. Assim, a pré-temporada faz com que os atletas encontrem-se aptos a disputa de toda uma temporada, se mantendo o treinamento durante esta.


Bibliografia

BADILLO, J.J.G.; AYESTARÁN, E.G. Fundamentos no Treino de Força. Porto Alegre: Artmed, 2001.

BARROS, T.L. Ciência do Futebol. Barueri: Manole, 2004.

BOMPA, T.O. Treinando Atletas de Desporto Coletivo. São Paulo: Phorte, 2005.

BRUNORO, J.C. Futebol 100% Profissional. São Paulo: Gente, 1997.

CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2002.

FAIGENBAUM, A.; WESTCOTT, W. Força e Potência para Atletas Jovens. São Paulo: Manole, 2001.

FERNANDES, J.L. Futebol: ciência, arte ou... sorte! São Paulo: Pedagógica e Universitária Ltda., 1994.

FILHO, J.L.A.S. Manual de Futebol. São Paulo: Phorte, 2002.

FRISSELLI, A. Mantovani, M. Futebol: teoria e prática. São Paulo: Phorte, 1999.

GOLOMAZOV, S.; SHIRVA, B. Futebol: preparação física. São Paulo: Lazer e Esporte, 1997.

GOMES, A.C. Futebol: preparação física. Londrina: Treinamento Desportivo, 1999.

MELO, R.S. Qualidades Físicas e Psicológicas e Exercícios Técnicos do Atleta de Futebol. Rio de Janeiro: Sprint, 1997.

PLATONOV, V.N.; BULATOVA, M.M. A Preparação Física. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

WEINNECK, J. Futebol Total: o treinamento físico no futebol. Guarulhos: Phorte, 2000.

Fonte: Universidade do Futebol
Autor: Matheus Silva Ferreira da Costa

Fisiologia do futebol: conceitos e revisões básicas

Jogadores com melhor capacidade aeróbia tendem a poupar o glicogênio muscular durante exercícios de intensidade moderada para utilizá-lo em momentos finais, mais decisivos do jogo


A fisiologia do esporte contribui para o trabalho de toda comissão técnica no futebol, porém, para isso, todos os profissionais membros da comissão devem ter bom embasamento teórico sobre a fisiologia específica do futebol. E é nesse sentido que o presente artigo se justifica, tentando fazer uma abordagem geral e básica sobre os conhecimentos em fisiologia da modalidade esportiva mais popular do mundo.

O futebol é um esporte caracterizado por atividades intermitentes. Ele exige grande demanda física, o que requer elevado grau de habilidade técnica, força, endurance, velocidade e agilidade. “Trata-se de um jogo com bastante trabalho anaeróbico seguido de exercícios contínuos de corrida.” (RHOADS, 1986).

O consumo de grandes quantidades de substratos energéticos também é muito requerido nesse esporte que exige níveis altos de produção de energia aeróbia e anaeróbia.

Os estoques de fosfocreatina nas células musculares do tipo II fornecem a maior parte da energia necessária para exercícios de curta duração (até 15 segundos) e também quando há mudanças na intensidade do exercício que está sendo realizado. Consequentemente, quando esses exercícios são realizados com um pequeno intervalo de tempo entre eles, os estoques de creatina fosfato serão depletados, não havendo energia necessária para os exercícios seguintes, pois o tempo de recuperação é curto.

A ressíntese de fosfocreatina depende da disponibilidade do oxigênio durante a recuperação. Por isso, atletas com um alto VO2 terão maior capacidade de fornecimento de oxigênio para os músculos exercitados, tendo uma maior ressíntese de fosfocreatina no músculo durante o período de recuperação. Portanto, isso significa que em exercícios intermitentes, o indivíduo que tem um VO2 mais alto possui melhor desempenho, tendo um melhor aproveito.

Os carboidratos e os lipídios são os principais substratos usados no metabolismo oxidativo do músculo. Há uma mistura na utilização de carboidrato e lipídio durante o exercício determinada principalmente pela intensidade e duração do exercício.




Figura 1: Gráfico demonstrando a utilização da gordura de acordo com a intensidade do exercício.

O fígado libera glicose suficiente para manter e, até mesmo, elevar a glicose sanguínea durante o jogo. Por isso, os estoques de glicogênio, tanto muscular quanto hepático, são importantes para o desempenho no futebol.

Aos poucos, esse substrato vai chegando à depleção. No segundo tempo de um jogo, por exemplo, a concentração é bem menor, fazendo com que o atleta diminua sua capacidade de corrida e força, reduzindo sua eficiência na partida.

Quanto aos lipídios, seu principal componente é o ácido graxo livre. Sua utilização para oxidação é maior durante exercícios de intensidade de baixa a moderada. Quando o exercício é prolongado, a lipólise ocorre em intensidades altas.

A concentração de ácido graxo livre no sangue aumenta durante uma partida de futebol, principalmente na segunda etapa do jogo.

Estudos indicam que a proteína contribui com menos de 10% da produção de energia no futebol. Sendo assim, os aminoácidos são considerados fonte auxiliar de combustível. “Além disso, a oxidação de aminoácidos é inversamente proporcional à disponibilidade de glicogênio muscular.” (LEMON, 1994).




Figura 2: Utilização de gorduras e glicoses de acordo com a intensidade do exercício.

Tanto os exercícios contínuos, quanto os intermitentes, são usados no treinamento do futebol a fim de facilitar as adaptações fisiológicas para melhorar o desempenho. “Os exercícios intermitentes podem acarretar maior demanda no sistema cardiovascular do que exercícios contínuos quando realizados em uma mesma intensidade.” (DRUST, 2000).

As demandas fisiológicas de cada jogador dependem muito de sua função em campo. Por exemplo, um meio-campista requer maior trabalho aeróbio do que outras posições, já que este faz a ligação entre a defesa e o ataque, necessitando assim, de uma maior potência aeróbia.

A alta potência aeróbia e uma porcentagem elevada de oxigênio no limiar anaeróbio em futebolistas são alguns fatores considerados preditores de boa capacidade do organismo para tolerar a longa duração do jogo. Dessa maneira, o jogador tem uma maior eficiência de movimento, sem se cansar rapidamente, pois seus músculos estarão mais bem capacitados para captar e utilizar maior volume de oxigênio e, consequentemente, maior produção de energia durante a partida, com maiores estoques de glicogênio muscular. (GUERRA; BARROS; 2004, p. 4)

O sistema aeróbio é a principal fonte de geração de energia durante um jogo de futebol. E o consumo máximo de oxigênio (VO2max) tem por definição ser o volume máximo de oxigênio que pode ser transportado e utilizado para o metabolismo aeróbio. “A capacidade aeróbia expressa a habilidade de se manter um exercício durante um período e é sinônimo de endurance.” (REILLY, 2000).


Com a redução dos estoques de glicogênio muscular, parte do substrato energético vem do metabolismo dos lipídios. Jogadores com melhor capacidade aeróbia tendem a poupar o glicogênio muscular durante exercícios de intensidade moderada para utilizá-lo em momentos finais, mais decisivos do jogo. Esse efeito poupador de glicogênio permitirá ao jogador correr distâncias maiores sob uma intensidade maior antes da diminuição dos estoques de glicogênio. (WISLOFF, 1998).

Chegando ao limiar anaeróbio, definimo-nos como sendo a intensidade do exercício que antecede um aumento súbito do lactato no sangue.

Um limiar anaeróbio elevado, isto é, uma fração elevada do VO2max sem que ocorra acúmulo demais de ácido láctico no sangue, tem grandes implicações funcionais. Isso significa que o atleta está mais bem preparado para realizar atividades de maior intensidade por períodos de tempo mais prolongados.

Essa potência ajuda na rapidez do jogador que pode ser decisiva em jogos. Principalmente para os goleiros e laterais que precisam de energia de alta intensidade em alguns momentos do jogo onde o exercício se torna intenso. Como, por exemplo, em uma defesa de uma bola rápida e forte, ou em um sprint de um lateral desde sua área até a área do time adversário.

A concentração do lactato é um indicador de produção de energia anaeróbia. Sua concentração no sangue é menor no segundo tempo do que no primeiro, já que se diminui a frequência e duração de exercícios de alta intensidade. Mas isso nem sempre é regra, uma vez que depende muito do tipo de jogo, motivação do jogador, táticas e estratégias, ou até placar do jogo.

Isabela Guerra e Turibio Leite de Barros afirmam no livro Ciência do Futebol (2004) que o futebol moderno exige um jogador forte, rápido, capaz de vencer resistências, suportar cargas intensas e, ao mesmo tempo, ter pouca fadiga durante o jogo. Logo, o atleta precisa manter força, velocidade, resistência e flexibilidade de forma conjunta.

A composição corporal é um fator muito importante no condicionamento de um jogador a ser analisada caso a caso. A gordura corporal atua como peso morto em atividades em que a massa corporal é levantada várias vezes contra a ação da gravidade. O jogador de futebol profissional tem em média 1,79 de altura, pesa 76 quilos, tem de 25 a 27 anos e percorre em média 10,8 quilômetros durante o jogo. Andam a maior parte do tempo de partida (40,4%), correm em baixa intensidade em 35% do tempo, ficam parados em 17,1%, e correm em alta intensidade em 8,1% do jogo.

Tabela 1 - Diferentes exigências nas diferentes posições.




Fonte: Adaptado de Ciência do Futebol (BARROS & GUERRA, 2004).

A estatura pode ser um parâmetro que define o sucesso no futebol, pois pode ajudar a determinar a posição do jogador. Houve vários casos de jogadores que não tinham boas apresentações durante jogos e, após mudarem de posição (com a devida ajuda de seus técnicos), passaram a ter maiores aproveitamentos nos 90 minutos.

Pode-se concluir que o futebol é uma modalidade complexa no que concerne a Fisiologia do Esporte, e os conhecimentos em fisiologia são muito importantes não apenas para os profissionais de preparação física, mas também para todos os profissionais da comissão técnica, incluindo o técnico, para que, desta forma, o trabalho global seja mais eficiente.

Fonte: Universidade do Futebol

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Obesidade: Uma epidemia latino-americana

Obesidade atinge todos os países da região com índices médios de 18%.
Condição abrange todas as faixas etárias, em ambos os sexos.

Não estamos falando da nova gripe que está varrendo o mundo e sim sobre os efeitos da obesidade sobre a saúde.

Muitas vezes desejamos que os países da nossa região do globo atinjam índices de países desenvolvidos, porém dessa vez estamos nos integrando de maneira perigosa.

Os dados foram colhidos em sete cidades latino-americanas de países diferentes e representam uma amostragem inédita desse problema.O diferencial do trabalho está na padronização da metodologia aplicada na coleta dos dados em culturas tão diversas.

Os resultados fazem parte de um painel sobre a saúde latinoamericana apresentado no VII Seminário Latino-Americano de Jornalismo de Saúde que está acontecendo em San Diego, na Califórnia.

A obesidade atinge de forma praticamente uniforme todos os países da região com índices médios de 18% em todas as faixas etárias e em ambos os sexos.
Entenda-se que obesidade, para os critérios dessa pesquisa, foi definida como pessoas com um Índice de Massa Corporal acima de 30. Calcula-se o IMC por meio da divisão do peso, em quilos, pelo quadrado da altura, em metros.

Índices normais estão abaixo de 25. Entre 25 e 29, acima do peso. Com mais de 30 estão os obesos.

Os maiores números vêm da Cidade do México e Santiago com 30% e 25%, respectivamente. Quito, no Equador, foi a cidade que mostrou menor numero de obesos: menos de 10%.

A consequência imediata desse excesso de peso são os índices igualmente altos de hipertensão arterial e diabete nas mesmas populações.

A pressão alta atinge cerca de 10% das populações desses países. O destaque negativo ficou com os argentinos, com perto de 30% de hipertensos na capital, Buenos Aires.

A diabete tipo 2, que caminha de mãos dadas com a obesidade, está presente em cerca de 8% da população dos países estudados. Mais uma vez, os mexicanos são os mais atingidos, com 9% da população de sua capital com diagnóstico dessa doença.

Esses dados apontam para dois fatos: essas doenças não são mais do chamado mundo desenvolvido somente e estratégias específicas devem ser estudadas e implantadas. O impacto da obesidade sobre as doenças cardiovasculares e a diabete pode comprometer o futuro de gerações de latino-americanos.

Fonte: G1

Pais omissos geram crescimento da obesidade infantil

Pesquisa mostra que os adultos sentem culpa na hora de proibir os maus hábitos

Falta pulso firme aos pais na hora de controlar a dieta dos filhos. A conclusão é de um estudo, realizado na Escola de Medicina de Harvard (EUA) , a respeito do crescimento dos casos de obesidade infantil. Após acompanhar a rotina de 440 pais de crianças com sobrepeso ,os médicos descobriram que o problema, na maioria das vezes, não está na falta de informação: os adultos sabem o que prejudica a saúde dos filhos, mas sentem-se inseguros em proibir os maus hábitos.

Os pais foram estimulados a vetar a televisão na hora das refeições, reduzir o consumo de fast-food, cortar os refrigerantes, obrigar a prática de exercícios físicos e aumentar o número de refeições feitas. Mas nem sempre as mudanças aconteceram: muitos adultos sentiam-se castigando as crianças ao assumir algumas das medidas as limitações quanto ao uso da televisão e as refeições em família foram as regras mais desrespeitadas. O grupo incluía pais de crianças com idades entre dois e doze anos.

"As crianças aprendem muito com os exemplos. Se os pais proíbem as refeições em frente da televisão, mas fazem lanches na cama, perdem a autoridade", afirma a nutricionista do MinhaVida, Roberta Stella. "Para manter a saúde e o peso ideal, a rotina de toda a família precisa ser saudável. Sem diferenças, fica mais fácil manter a linha: se ninguém em casa toma refrigerante, por exemplo, a tentação some da geladeira"

O estudo também identificou que os adultos que se mantinham no peso ideal mostraram-se mais à vontade para impor as proibições às crianças ao contrário dos pais obesos, mais relutantes em manter as restrições. A autoconfiança também se apresentou diretamente proporcional ao nível de estudo dos pais: aqueles com graduação superior mantiveram-se mais firmes.

Fonte: Portal Educação Fisica

Cientistas descobrem gene da obesidade infantil

Cientistas da Universidade de Cambrigde, no Reino Unido, descobriram o que acreditam ser uma causa genética da obesidade infantil, muitas vezes relacionada incorretamente por médicos apenas o fato da criança comer demais. Segundo os pesquisadores, a perda de uma parte do material genético pode ser a chave do problema de peso em crianças.

Durante o estudo, os pesquisadores analisaram o genoma completo de 300 crianças diagnosticadas com obesidade mórbida em busca de uma falha ou duplicação do DNA, conhecidas pelo termo técnico copy number variants (CNV). Cientistas acreditam que essas CNVs desempenham um papel importante nas doenças genéticas.

Comparando o DNA das crianças obesas com outras de peso normal, descobriu-se que faltavam certas partes do genoma do grupo obeso - em particular, o cromossomo 16, ligado a obesidade mórbida. Segundo os pesquisadores de Cambrigde, o estudo sugere que um gene específico localizado no cromossomo 16, o SH2B1, tem um papel fundamental na regulação do peso e do nível de açúcar no sangue.

"Pessoas com problemas nesse gene têm uma vontade grande de comer e ganhar peso muito facilmente", disse o cientista Sadaf Farooqi envolvido na pesquisa. Apesar da descoberta em Cambrigde ajuda as causas do problema de muitas crianças com obesidade, os pesquisadores alertam que a genética não é o único motivo do sobrepeso na infância. Ainda é preciso estar atento aos hábitos das crianças e ao comportamento dos pais, que podem errar na alimentação dos filhos.

Fonte: Revista Veja