quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Lesões Musculares Parte II (distensão dos isquiotibiais)


Os isquiotibiais são um grupo de músculos que se localizam na região posterior da coxa. É formado pelo semitendinoso, semimembranoso e pelo bíceps femoral. Como o próprio nome diz, esses músculos se originam no ísquio (tuberosidade isquiática) e se inserem na tíbia. Com exceção para o bíceps femoral, que se insere na cabeça da fíbula e se divide em duas porções, longa e curta; a cabeça longa se origina na tuberosidade isquiática e a cabeça curta na linha áspera do fêmur.

Apesar de ter o mesmo ponto de inserção, alguns autores consideram a porção curta do bíceps femoral como um músculo completamente “separado”, uma vez que o mesmo é mono articular e principalmente pelo fato de ter uma inervação diferente dos demais músculos do grupo; enquanto todos os outros são inervados pelo ramo tibial do nervo ciático, a cabeça curta do bíceps femoral é inervada pelo ramo fibular do mesmo nervo, sendo um fator relacionado a etiologia das distensões dos isquiotibiais.

Como são músculos biarticulares, movimentam tanto a articulação do quadril quanto a do joelho. No quadril, atuam como extensores dessa articulação, enquanto no joelho atuam na rotação interna (semitendinoso e semimembranoso) na rotação externa (bíceps femoral) e na flexão.

Muitas teorias procuram explicar as causas da distensão dos isquiotibiais. O desequilíbrio em relação ao principal antagonista (quadríceps) é uma das mais aceitas, segundo ela os isquiotibiais devem apresentar cerca de 60 a 70% da força quadricipital. Portanto nós professores devemos prescrever com certa cautela o fortalecimento do quadríceps na cadeira extensora, evitando assim fugir dessa relação. Outras possibilidades para as lesões dos isquiotibiais levam em consideração a fadiga desse grupamento muscular, postura inadequada na corrida e na marcha, discrepâncias no comprimento dos membros, diminuição da flexibilidade, desequilíbrio entre os músculos que compõem os isquiotibiais (porção medial e lateral) e como foi citado anteriormente a inervação diferenciada da cabeça curta do bíceps femoral.
As lesões desses músculos ocorrem geralmente durante os piques e exercícios de alta velocidade, como também em esportes que exigem paradas bruscas (desaceleração) ou uma combinação de aceleração/desaceleração. As distensões do semitendinoso e semimembranoso têm maior possibilidade de ocorrer durante a desaceleração da corrida, enquanto as distensões do bíceps femoral ocorrem com maior freqüência na fase de aceleração ou impulsão.

A porção curta do bíceps femoral é a mais frequentemente lesada pelos motivos anteriormente citados, alguns autores admitem que se contrai simultaneamente com o quadríceps como resultado de uma “falha” no sistema neuromuscular, contribuindo assim para a alta taxa de lesão nesse músculo.

No tratamento das distensões musculares, os objetivos consistem em reduzir a dor, restaurar a função muscular e evitar a possibilidade de recidiva. O tratamento inicial consiste na aplicação de gelo (crioterapia), compressão, elevação, repouso e o uso de antiinflamatórios prescritos pelo médico. Os exercícios de alongamento precedem o fortalecimento muscular, a menos que o comprimento do músculo esteja normal. Nas distensões leve a moderada o alongamento poderá ter início a partir do segundo dia conforme tolerância do atleta. Com relação ao fortalecimento muscular, a dor e a tolerância são indicativos que deverão ser levados em conta tanto no momento de iniciar o tratamento quanto na progressão do mesmo. Progressão essa que já foi descrita na coluna anterior (lesões musculares parte l).

O atleta poderá voltar à prática esportiva sem restrições quando alguns critérios tiverem sido atendidos: flexibilidade adequada dos isquiotibiais, força, potencia e resistência muscular compatível com o membro contralateral, força muscular dos isquiotibiais em torno de 60 a 70% da força do quadríceps e ausência de sintomas no desenvolvimento de atividades funcionais.