quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Futebol, Carreira Profissional e Recursos Humanos

Uma mensagem às instituições futebolísticas e seus (futuros) colaboradores


O que se espera dos profissionais hoje em dia é que sejam especialistas, mas ao mesmo tempo sejam interdisciplinares, multifuncionais, suportem bem as pressões e dificuldades, sejam críticos e criativos, tenham grande rapidez de resposta, adaptem-se aos processos interculturais e de globalização e, sobretudo possuam uma alta capacidade de aprendizagem.

O setor de Recursos Humanos (RH) nas empresas evoluiu, nas últimas décadas, do antigo e jurássico “departamento pessoal”, limitado em suas ações, como simplesmente contratar e dispensar funcionários, para uma visão muito mais ampla e complexa nos dias atuais.

Atividades como recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, pesquisa, remuneração, desligamento, tornam-se cada vez mais estratégicas para as empresas que procuram disputar, com competência, espaços no mercado.

No futebol, e particularmente nos clubes que procuram se modernizar, buscando regulamentar adequadamente e profissionalizar todos os seus processos, isto não será diferente nos próximos anos.


Não obstante o futebol brasileiro ter produzido até aqui profissionais de diferentes áreas de atuação de destaque (treinadores, preparadores físicos, fisioterapeutas, gerentes, supervisores etc.), o certo é que, em se mudando o modelo de gestão dos clubes, adequando-os às exigências empresariais mais modernas, também se fará necessário mudar o perfil profissional de seus colaboradores, para a obtenção de excelência e melhores resultados no futuro.


O que deve ficar claro para quem busca por oportunidades no mercado é que as soluções para os problemas de produtividade se encontram fundamentalmente no trabalho mais inteligente, participativo, integrado e sinérgico, o que significa melhor educação, melhor treinamento; enfim, melhores processos de capacitação profissional.


A tendência é que a melhora nestes aspectos, em um futuro bem próximo, não fique apenas por conta das iniciativas autônomas e individualizadas dos próprios profissionais, de maneira isolada. Vai exigir também a atuação efetiva de um setor moderno de recursos humanos (gestão de pessoas), dando suporte para a construção de perfis profissionais compatíveis com a missão e finalidades básicas dos clubes, ou seja, resultados esportivos expressivos e resultados financeiros consistentes.


Esta é uma tarefa que implica em um processo de mudanças culturais que não ocorre do dia para a noite. É necessário, portanto, planejamento estratégico, investimentos e trabalho, para que ocorram mudanças significativas deste cenário. Tais ações, com certeza, trarão uma vantagem competitiva enorme em relação àqueles que ainda entendem que este fator pode ser resolvido de forma espontânea ou amadorística.


Eis alguns dos campos a serem incluídos em um sistema renovado de gestão de recursos humanos ou gestão de pessoas:


• Recrutamento e seleção, buscando-se no mercado profissionais que possuam qualidades reais ou potenciais para desempenhar tarefas compatíveis com o planejamento das instituições (clubes, federações etc.), feita por head-hunters (1) e profissionais especializados.


• Sistema de remuneração e administração de benefícios, que permita a criação gradativa de uma política que supere a relação caótica, desigual e muitas vezes injusta que ainda impera no mercado.


• Registros de pessoal e descrição dos cargos e funções conforme diretrizes de um bem executado planejamento operacional e um plano de modernização e profissionalização sintonizado com as demandas atuais de alta competitividade.


• Serviços de Segurança, Medicina do Trabalho e Serviço Social que garanta um alto grau de produtividade dos funcionários, profissionais e atletas de uma forma geral.


• Treinamento e desenvolvimento (capacitação), através de reuniões, cursos, seminários internos e externos, possibilitando adequar o perfil profissional de cada um às exigências das diversas instituições e mantendo todos atualizados e preparados para o ambiente altamente competitivo do esporte profissional.


• Administração das rotinas de trabalho tendo-se como base as exigências das legislações trabalhista e previdenciária vigentes e legislação esportiva brasileira (Lei Pelé etc.), envolvendo:
As rotinas administrativas, propriamente ditas;
A administração de encargos trabalhistas;
A administração de encargos previdenciários;
A administração dos contratos de trabalho existentes e os que virão a existir, tendo-se como objetivo minimizar o passivo jurídico-trabalhista em futuras reclamações.


Enfim, para estruturar este setor nos clubes e instituições esportivas é preciso que se busque no mercado, profissionais capacitados e preparados para as exigências e demandas do futebol profissional e altamente competitivo deste século XXI.

Neste sentido, profissionais especializados em gestão de pessoas, com conhecimentos consistentes em psicologia organizacional e intercultural parecem absolutamente indispensáveis nos dias de hoje.


Por outro lado, é fundamental que aqueles que estão em busca das melhores oportunidades do mercado, em qualquer que seja a área escolhida para atuação (2), deverão estar sintonizados com estas mudanças, buscando permanentemente sua capacitação e, assim, aumentando suas chances de ser bem sucedidos em um mercado cada vez mais competitivo.

(1) Head-hunters no futebol – São profissionais que buscam no mercado por treinadores, dirigentes, técnicos, atletas, pedagogos, fisioterapeutas, especialistas e demais profissionais nesta área.
(2) Em breve a Universidade do Futebol publicará o Guia das Profissões no Futebol, contendo mais de 50 carreiras ligadas as diferentes áreas profissionais no futebol.

Fonte: Universidade do Futebol